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Caros Concidadãos,
Povo Português
Hoje, como noutros momentos decisivos da nossa História, os Maçons, que são quem faz a Maçonaria, têm, pela universalidade dos seus valores e princípios, um papel de particular relevo em Portugal, na Europa e no Mundo.
As liberdades, a igualdade de oportunidades entre os homens, os regimes democráticos e livres que respeitem os direitos humanos voltam a ser postos em causa pelos seus tradicionais inimigos. As más práticas económicas, industriais e financeiras poluem profundamente o ambiente e promovem desequilíbrios críticos que colocam em risco a humanidade e facilitam a germinação de ideias antidemocráticas que parecem ser soluções fáceis para os problemas que todos enfrentamos, sendo que a globalização, apesar de também integrar efeitos positivos, amplifica atualmente os efeitos das pandemias e da guerra à escala planetária e, como não podia deixar de ser, afeta com dureza o nosso País.
Nenhum ser humano está defendido de e é imune aos efeitos adversos dos tempos que vivemos. É, aqui e agora, a Hora de a Maçonaria contribuir, como lhe compete por princípio – e todos os Maçons sabem e desejam –, para a inversão do rumo de crescente destruição e degradação da Humanidade enquanto conjunto dos seres humanos e da humanidade que há em todos eles e do Planeta enquanto ecossistema que importa preservar como suporte de toda a vida.
O Grande Oriente Lusitano vê com grande preocupação a crescente falta de confiança dos cidadãos portugueses nas instituições fundamentais da governação, nos seus titulares, nos representantes eleitos, na Justiça e na Autoridade do Estado, que têm como missão fazer cumprir a lei e zelar pela Ordem Pública.
Impõe-se que, de forma urgente, se desencadeiem ações adequadas à reaproximação dos cidadãos dos seus governantes, promovendo uma cidadania ativa e responsável. Quer os eleitos quer todos os outros titulares de cargos públicos devem elevar o grau de exigência na sua intervenção para que os seus atos não sejam desvalorizados por questões de legalidade ou de conduta inadequada. O escrutínio prévio de incompatibilidades e a transparência não devem impedir, mas promover, a boa governação.
O bem-estar dos cidadãos deve ser sempre o fim último de qualquer governante e das ações que propõe e pratica. As formas de representação popular devem ser enriquecidas, potenciadas em toda a sua magnitude, para que os cidadãos as sintam como suas, respeitando e tendo orgulho na República. Exige-se, portanto, um enquadramento legislativo sempre de elevada qualidade, rigor técnico e clareza, para que não se gere o sentimento de que as Leis e a sua aplicação protegem apenas pessoas e organizações poderosas e com muitos meios financeiros e económicos.
O Grande Oriente Lusitano lança um alerta para os indicadores de desenvolvimento humano, de bem-estar social e económicos que nos afastam da convergência europeia, acentuando as desigualdades entre os cidadãos em matéria de acesso à saúde e à habitação, bem como a uma educação de qualidade acessível a todos.
Aos Maçons, que sempre se empenharam no aperfeiçoamento da sociedade visando a melhoria das condições de vida de todos, apelamos para que, individual e coletivamente, social e profissionalmente, participem na promoção de um desenvolvimento sustentável e no reforço das liberdades e das instituições democráticas em todos os níveis do exercício da cidadania no País.
Os jovens precisam que o País tenha uma agenda política que lhes abra horizontes e se empenhe em soluções integradoras e criativas que os levem a potenciar, em ambiente de Liberdade e Responsabilidade, as suas capacidades intelectuais, sociais e culturais. Este é um trabalho contínuo de proximidade, com o apoio de todas as autoridades (locais, regionais e nacionais), mas envolvendo sobretudo as associações da sociedade civil.
Para o Grande Oriente Lusitano é um imperativo de solidariedade geracional não só com os mais novos como ter uma política séria de enquadramento dos séniores, deste modo evitando que se sintam abandonados e permitindo que a sua energia, sabedoria e experiência de vida possam ser transmitidas às gerações mais jovens. Afinal, quem esquece ou desconsidera os seus séniores, esquece e desconsidera o seu próprio País.
O desenvolvimento económico de Portugal tem de estar vocacionado para beneficiar a sua população, reforçar os mecanismos do Estado social, oferecer uma educação de qualidade universal, defender e aprofundar o Sistema Nacional de Saúde, nele incluído o Serviço Nacional de Saúde. A economia selvagem, a especulação desenfreada, estão a atacar os valores fundamentais da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade e a exaurir recursos que são infelizmente finitos.
Para a Maçonaria é possível conciliar empreendedorismo, economia, desenvolvimento económico com respeito pelo ambiente, pela preservação das espécies, pela dignidade das condições de trabalho e por uma justa remuneração.
A Maçonaria critica toda a atividade empresarial que seja predadora dos recursos que sustentam a vida e que comprometa tanto o nosso presente como o futuro da humanidade. Vemos com preocupação que há práticas de escravidão laboral a aumentar no território nacional e que é uma obrigação de todos contribuir para as prevenir e terminar de imediato. Os Maçons, como seres éticos que são, não podem tolerar estas atividades. Portugal tem de saber suprir as suas necessidades de trabalhadores respeitando a dignidade humana, como se exige a qualquer República democrática, e os Maçons devem denunciar esses atropelos inaceitáveis, já que a isso estão obrigados pela sua condição. A vinda de cidadãos de todo o mundo que querem viver e trabalhar em Portugal é decisiva para fortalecermos a nossa estrutura demográfica, mas não podemos aceitar que quem imigra para o nosso País seja despojado de direitos e de condições de vida dignas.
Um pilar fundamental de redistribuição da riqueza e de angariação de receitas para que o Estado cumpra as suas funções é o sistema fiscal. Para a Maçonaria, a receita fiscal, o sistema tributário não é um fim em si mesmo, mas um instrumento que tem de estar ao serviço do bem comum. Os governantes têm objetivamente de usar o sistema fiscal para garantir a solidariedade e a coesão social, a igualdade de oportunidades e fazer com que ele seja um amigo dos contribuintes e que estes sintam que as receitas são eficiente e eficazmente aplicadas. Os impostos têm de ser, em última instância, um catalisador e estimulador do desenvolvimento, têm de desincentivar as más práticas ambientais e económicas, têm de servir para fortalecer os conteúdos dos direitos à saúde, à educação, ao bem-estar social, e dinamizar a cidadania ativa. A Administração Fiscal e o Estado têm de ser capazes de respeitar os cidadãos e as manifestações da sua atividade, como as empresas e demais organizações produtivas com e sem fins lucrativos.
Para a Maçonaria o momento é de preocupação com os extremismos que se aproveitam do cansaço dos cidadãos em relação às atuais formas de exercício da política, tantas vezes demagógicas, do seu alheamento em termos de participação, promovendo o discurso do ódio, do medo, da prepotência, servindo-se, simultaneamente, das regras democráticas para conquistarem poder, para condicionarem os governos nacionais e locais e assim afirmarem uma agenda que os Maçons, em qualquer parte do mundo, só podem repudiar: uma agenda que, no fim de contas, destrói os valores da dignidade humana, da defesa da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Estamos, enquanto Maçons, na primeira linha de combate a estas ideologias extremistas e totalitárias que se manifestam, em maior ou menor grau, em diversos países democráticos, bem como, infelizmente, também entre nós. A defesa dos valores democráticos tem como trave-mestra a defesa da liberdade de opinião assente, é importante afirmar e sublinhar, num jornalismo livre e responsável: só uma comunicação social servida por profissionais qualificados e responsáveis, que não ceda a sensacionalismos ou a interesses pessoais e de grupo, que apure os factos, ajudará as demais forças sociais a combater estes extremismos.
Tudo o que como Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano aqui comuniquei aos meus concidadãos é a decorrência natural desse Desígnio da Maçonaria que se constrói todos os dias com base nos valores e princípios que os Pais Fundadores nos legaram, tendo-os defendido, muitas vezes em circunstâncias extremas: Liberdade, Fraternidade, Solidariedade, Igualdade, Verdade, Tolerância e Liberdade de Pensamento. Estes são os códigos de conduta mais elevados que se conhecem, aqueles pelos quais vale a pena lutar. Estes são os valores e os princípios que defendemos e nos motivam.
Desejo aos Portugueses uma quadra festiva em Paz, Saúde e Fraternidade e que o Ano de 2023 traga a felicidade, o respeito e a realização pessoal para cada um e prosperidade para Portugal.
11 de dezembro de 2022
Fernando Cabecinha
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa
O Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa promoveu ontem (12 de Maio de 2022) um encontro na Sociedade Geografia de Lisboa, para assinalar o início das comemorações do seu 220º aniversário. No evento presidido por Fernando Cabecinha, Grão-Mestre do GOL, a intervenção de fundo esteve a cargo de Fernando Marques da Costa.
O GOL nasceu a partir do reconhecimento formal da Grande Loja de Inglaterra. Com efeito, foi a 12 de Maio de 1802 que o livro de atas da Grande Loja de Inglaterra regista que quatro lojas portuguesas tinham nomeado representantes para estabelecer uma "Grande Loja Nacional de Portugal".
O Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa institui, assim, o dia 12 de Maio como o dia oficial da instituição.
Os 220 anos do GOL serão comemorados durante todo o ano com diversas atividades de que se darão conta em breve e que se nortearão pelos Princípios e Valores que sempre defendeu.
O Grão-Mestre, Fernando Cabecinha, na sua intervenção relembrou que a divisa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - e o lema - Justiça, Verdade, Honra e Progresso - devem pautar a atuação dos maçons em todos os momentos. Reafirmou, ainda, que a Maçonaria é uma Ordem universal, filosófica e progressiva, fundada na Tradição iniciática, obedecendo aos princípios da Fraternidade e da Tolerância.
Lisboa, 13 de Maio de 2022
Saúde e Fraternidade!
Atingimos em 2022 o 48º aniversário do 25 de Abril, data que à primeira vista não mereceria nenhuma nota especial, já que não se trata de um número redondo, como sói dizer-se e celebrar. Há, todavia, um aspecto simbólico que importa ressaltar, sabendo nós, Meu Quer.'. e Resp.'. Irm.'., qual a importância que esse aspecto tem em Maçonaria: este ano o tempo de vivência em democracia equivale ao tempo de vigência em ditadura, o que significa que estamos num momento muito particular, de charneira.
Aqueles que sofreram as agruras de um regime autocrático, cerceador de capacidades individuais e colectivas, defensor apenas dos interesses daquelas pessoas e instituições que pensavam pela cartilha oficial ou a ela se acomodavam oportunisticamente, nunca deixarão de dar valor a esta data fundadora da nossa Democracia, sendo-lhes fácil perceber quais as diferenças abismais existentes entre os dois tipos de regime.
Aqueles que, nascidos depois de 1974, não tiveram o infortúnio de suportar o obscurantismo, o cinzentismo e as perseguições políticas a que os avós e pais estiveram sujeitos, têm às vezes dificuldade em perceber como era o estado de coisas anterior, sendo levados a desvalorizar as extraordinárias alterações positivas que advieram da chamada <<Revolução dos Cravos>>, mesmo que nem todas as expectativas tenham sido realizadas.
É sobretudo a estes que me dirijo e que te peço, Meu Quer.'. e Resp.'.Irm.'., que te dirijas, para esclarecer, com a amabilidade mas também com a veemência que nos são próprias, o que significa a palava Democracia, o que significa viver em Democracia, o que significa poder dizer livremente aquilo que se pensa, o que significa ter um Estado que, por mais deficiente em termos sociais, éticos, económicos e políticos que possa ser, é incomensuravelmente mais perfeito do que qualquer outro que tenhamos conhecido até hoje. E nós, Maçons, e nós membros do G.'.O.'.L.'. – Maç.'. Portuguesa, sabemos tudo isto por experiência própria, estando perfeitamente justificada a nossa intervenção sobre esta matéria: quem sofreu individualmente e colectivamente a perseguição do anterior regime tem o direito e a obrigação de tudo fazer para tornar claro que não aceitará um retrocesso que ponha em causa aqueles valores consubstanciados nas nossas divisas eternas: Solidariedade, Justiça, Verdade, Tolerância, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Por isto, Meu Quer.'. e Resp.'.Irm.'., exorto-te ao Trabalho em prol da dignidade do ser humano e ao cumprimento do nosso Grande Desígnio enquanto ordem iniciática consciente dos tempos em que deve agir.
Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade! Viva o G.'.O.'.L.'. – Maç.'. Portuguesa!
Fernando Cabecinha
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
Lisboa, 25 de Abril de 2022
Saúde e Fraternidade!
Celebra-se neste dia, 20 de Março, o início da Primavera, celebração que assume particular importância nos tempos conturbados que vivemos, com a constante tentativa de denegação dos nossos valores e princípios, obrigando-nos a regressar às fontes e a defender o substrato que serviu de cabouco à fundação da Ordem Maçónica: a defesa da Liberdade, da Verdade, da Igualdade, da Fraternidade na sua faceta mais solidária, entre outros que estão a ser postos à prova.
A nossa Ordem foi e é o cadinho onde tendências e saberes antigos foram sabiamente acolhidos e guardados, não de uma forma retrógrada, mas como ADN coletivo, hoje cada vez mais presente, relembrando eu aqui as Luzes na Europa, nesses idos de 1600 e 1700, momentos essenciais para a construção da Nossa Augusta Ordem.
Assim, importa também relembrar a simbólica, por exemplo, do Dia da Árvore, iniciado nos EUA, mais precisamente no estado de Wisconsin, mas que teve grande acolhimento na Europa, em particular em Portugal, desde 1913. Todos recordamos esta data, também ela ligada a muitos Irmãos que à época defenderam esta tão significativa celebração, cheia de ensinamentos espirituais, esotéricos, de forte pendor idiossincrático, vindos de outras épocas, mas que devem ser preservados e mantidos vivos pela nossa mão, para transmitir àqueles que um dia possam ter a honra de integrar a nossa Obediência.
A passagem das sombras do Inverno, estação infelizmente menos sombria e fria hoje, i. e., menos igual ao que deveria ser, por via das brutais alterações climáticas, antecipa a luminosidade que se aproxima do seu zénite. É esta então uma altura de renovação de esperança, de pacificação dos homens, no fundo de uma mensagem de renovação para o bem do próprio Homem. O longo período do Inverno termina e iniciamos o renascimento como nos dá nota a conhecida frase «Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.»
A nossa tradição remete-nos para os tempos em que algumas Lojas celebravam o início do ano maçónico no mês de Março e se entendia que o Grau de Companheiro correspondia ao período entre 21 de março e 21 de setembro. Num momento em que apelamos ao verdadeiro Homem para que se transcenda na sua persistente vontade de aperfeiçoamento, i. e., transformando homens bons em homens melhores, talhando arduamente a pedra bruta até lhe dar a beleza da forma cúbica, acreditamos que a consciência desse caminho de transformação e enriquecimento espiritual ou intelectual, como se queira, se revela pela livre vontade de cada Maçon. Em resumo: esta data faz-nos refletir sobre de onde viemos e para onde pretendemos ir, certamente das trevas para a Luz, num momento de renovação em que cada neófito tem como desafio uma total e séria aplicação em termos de se converter num verdadeiro Iniciado. Nas nossas tradições, este processo é simbolizado pelo ciclo das estações que representa o caminho inexorável para o futuro pela transformação. Estes momentos são marcados pelos Equinócios e pelos Solstícios, tempos simbólicos da nossa tradição iniciática, sendo que os equinócios devem ser entendidos como as marcas de meio caminho do ciclo anual, ali onde começa a tomada de consciência da via que leva à realização do Infinito.
Fernando Cabecinha
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
Lisboa, 20 de Março de 2022
Lisboa, 25 de Fevereiro de 2022
COMUNICADO
O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa considera indispensável fazer desde já a condenação veemente da utilização da força como forma de solucionar conflitos e manifestar a sua Solidariedade em relação ao povo ucraniano em geral e à comunidade ucraniana residente em Portugal em particular, para lá das razões de diversa índole (territorial, política, económica, geoestratégica) que possam assistir aos contendores na guerra que se iniciou esta noite entre a Federação Russa e a República da Ucrânia.
Existem organizações internacionais, como a ONU, por exemplo, que são fóruns privilegiados para dirimir quaisquer diferendos que surjam entre Estados, e a elas é imperioso recorrer, sob pena de vingar a lei do mais forte, como já aconteceu por diversas ocasiões e sob pretextos falsos. Os Maçons, que tiveram um papel fundamental na criação destas organizações, não podem deixar de sublinhar a importância de manter em todas as circunstâncias canais de diálogo abertos, como forma de impedir conflitos ou, se iniciados, os conter e os resolver.
O Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa denuncia, portanto, o desencadeamento por parte da Federação Russa da sua intervenção militar e pede às suas congéneres russa e ucraniana, que defendem os valores e princípios da Tolerância, da Justiça, da Verdade, da Solidariedade, da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, para desenvolverem todos os esforços ao seu alcance para impedir a escalada de uma guerra que só pode ser prejudicial para a Humanidade em geral e para os povos envolvidos em particular.
O Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa manifesta-se disponível para, em conjunto com as outras Obediências europeias, preferencialmente no quadro das organizações maçónicas internacionais de que faz parte, intervir em todas as ações que visem o fim da guerra e o início do diálogo entre os governos russo e ucraniano.
Fernando Cabecinha
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
Lisboa, 24 de Fevereiro de 2022
Em primeiro lugar faço Votos de Saúde e Fraternidade para todos!
Em segundo lugar, quero felicitar os Irmãos eleitos pelas suas Respeitáveis Lojas para a Grande Dieta e, naturalmente, os Irmãos eleitos como Presidente, Dignitários, Oficiais e membros das Comissões Permanentes que integram a nossa Sublime Câmara, fazendo votos para que desenvolvam um trabalho profícuo a bem do G.O.L. – Maçonaria Portuguesa.
Em terceiro lugar, deixem-me agradecer aos agora empossados Grão-Mestres Adjuntos João Aurélio Marcos e Carlos Nunes que comigo encetaram este projeto, aos Irmãos que ajudaram a construí-lo e a todos os que acreditaram nele. E exorto todos os Irmãos a que nos unamos neste esforço coletivo de prestigiarmos a nossa Obediência, exaltando a Maçonaria Portuguesa e a Maçonaria Universal.
As linhas de orientação que me proponho seguir já foram enunciadas durante o processo eleitoral e julgo ter sido muito preciso na apresentação do programa a realizar neste mandato de Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, pelo que penso que me será permitido não ser demasiado longo, tendo, aliás, também consciência de que os trabalhos já duram desde a manhã e se pode transmitir o que se pretende sendo conciso. Começo por uma homenagem.
Nos já muitos anos de humilde praticante da Arte Real que o G.O.L. me proporcionou – e, como todos sabemos, não é despiciendo numa Ordem Iniciática ter muitos anos de vivência séria e empenhada – encontrei numerosos Irmãos com os quais muito partilhei e muito aprendi. Mas permitam-me salientar, hoje e aqui, por uma questão de princípio e de gratidão, os nomes dos Past Grão-Mestres Eugénio de Oliveira e António Arnaut, sem esquecer os seus antecessores e os que lhes sucederam.
Considero-os duas referências obrigatórias pela dedicação que sempre manifestaram pela Arte Real e pela orientação que adotaram para consolidar a dimensão e o significado histórico da Maçonaria, como Obediência, com mais de dois séculos de atividade reconhecida a nível nacional e internacional, que se refletiu em múltiplos domínios da sociedade portuguesa.
Se se der o caso ou o acaso de me escutarem no Oriente Eterno onde se encontram, saibam que sem o amor que sempre manifestaram pela nossa Obediência, sem o respeito que sempre tiveram pela Regra, pela autonomia das Lojas e pelas opiniões dos Irmãos, sabendo sempre separar o trigo do joio, sem o exemplo que nos deixaram, nem eu seria o Maçon que sou nem o G.O.L. seria o que hoje é. Noutra ocasião mais propícia não deixarei de evocar estes dois queridos Irmãos e Past Grão-Mestres, que devem ser encarados como luzes orientadoras da nossa prática maçónica, até porque souberam compreender que não é possível ter uma visão sem ter em conta uma estratégia.
Também eu não quero deixar de fazer uma citação, neste caso de outro nosso eminente antecessor que muito perspicaz e claramente soube definir o compromisso de todos os Maçons que são eleitos para assumir cargos quer seja em Loja quer seja na Obediência. Foi ele José Estêvão Coelho de Magalhães. Ao tomar posse como GrãoMestre da Confederação Maçónica Portuguesa, acentuou que tinha a consciência dos deveres e das honras, mas observava sem margem para equívocos: “Assumo este cargo com a consciência dos deveres que ele me impõe e das honras que me confere. As honras não me desvanecem: os deveres não me acobardam.” É exatamente assim que penso e é exatamente assim que agirei, sempre tendo como objetivo primeiro engrandecer e servir o G.O.L.. A Tolerância e a Fraternidade devem presidir a todos os nossos atos. E perante um mundo que se movimenta e evidencia em preocupações de ordem material, a Maçonaria insere no seu código de conduta a observância dos mais elevados valores morais, espirituais e cívicos.
As recentes eleições que se efetuaram para Grão-Mestre e Grão-Mestres Adjuntos do Grande Oriente Lusitano decorreram através do sufrágio universal, do voto livre e plural e com a expressa determinação de instaurar as mudanças necessárias. É verdade, para mim absoluta, que em Maçonaria, não há vencedores nem vencidos. Há projetos e protagonistas que se apresentam a sufrágio do Povo Maçónico e é este quem escolhe aquele e aqueles que acredita que poderão melhor servir o G.O.L.. Hoje vivemos tempos difíceis, tempos não só de solidão, mas também e acima de tudo de abandono. Tempos que puseram a descoberto as vulnerabilidades da problemática da saúde e as profundas consequências sociais e económicas que dela mesma derivam e não sabemos, ninguém sabe, que duração podem ter e a quantos vão afetar.
Este é um momento em que não basta questionar, mas sim, o de ser capaz de procurar e, fundamentalmente, dar as respostas às questões mais prementes com que a Humanidade se debate e adequadas aos imperativos da conjuntura nacional e internacional. Evitemos trocar lamentos. A hora é de agir. Este tempo que estamos a viver – e tudo indica tende a agravar-se – exige de nós, não só as palavras, por mais elegantes que sejam, mas ação coerente e decidida, ação estruturada numa hierarquia de prioridades e, ao mesmo tempo, um programa para o futuro, tendo naturalmente em apreciação o legado que recebemos e de quais as circunstâncias concretas com que se debate a nossa Obediência.
Na época de trevas e dificuldades que estamos a atravessar o tempo, porque exige respostas, pesa-nos mais!
Temos, assim e com urgência, que descobrir e executar a atividade de apoio social que demonstre a todos a verdadeira razão e a essência da N.A.O. – a solidariedade como prática da fraternidade, fraternidade não só connosco, mas também e essencialmente com os outros. Como dizia o Nosso Querido Irmão Pedro de Portugal, “a noite é a nossa oferta de Sol aos Homens e Mulheres que vivem do outro lado da Terra”. Não procuramos nada para nós. Só procuramos o bem e fazer o bem.
Numa palavra este é, com o sempre, o momento de sermos úteis.
Reafirmo: a humanidade está confrontada com uma pandemia, que provoca não só um grave problema de saúde pública, mas também consequências sociais e económicas profundas – aumento das desigualdades e da pobreza – além dos problemas relacionados com as migrações e o recrudescimento dos populismos e extremismos.
A Maçonaria deve continuar a ser inflexível na defesa da dignidade humana.
A Maçonaria portuguesa, em toda a sua existência, teve um papel determinante na sociedade seja na vertente política (em 2022 completam-se 200 anos da aprovação da 1ª Constituição Portuguesa), seja na vertente da Filantropia e da Educação. Os nossos antepassados criaram, e bem, dois instrumentos para uma intervenção mais assertiva na sociedade – o Internato de São João e Sociedade Promotora de Escolas.
Torna-se importante que estas duas instituições, em articulação com o Grémio Lusitano e o Grande Oriente Lusitano, aprofundem a sua intervenção na sociedade portuguesa.
Temos, também, de promover a Maçonaria como uma fraternidade constituída por gente de bem, que quer estar à frente do seu tempo e com uma forte consciência social e tem de ter uma aposta de forte preocupação social. Não pode estar indiferente perante o aumento das desigualdades e da pobreza e dos problemas relacionados com as migrações.
O G.O.L., para cumprir os seus desígnios – tem de estar ao corrente dos dossiers existentes – para depois se debruçar em torno de temas atuais – como mencionámos no nosso programa – e que constituem os pilares essenciais para reflexão e debate:
•
Educação e Cultura
• Direito e Justiça
• Saúde e Ciências da Vida
• Economia e Solidariedade
• Transição e Desenvolvimento Digital
• Ambiente, Alterações Climáticas e Sustentabilidade
• História do G.O.L. – Maçonaria Portuguesa
Todas estas questões incluem, e em todas as circunstâncias, a defesa da Democracia, em face do recrudescimento dos populismos e extremismos.
Este programa contempla, igualmente, a relação efetiva das Lojas com os órgãos que estruturam G.O.L., criando as condições que permitam o seu funcionamento, no respeito cabal pela sua autonomia.
O programa do Grão-Mestre para este mandato inclui ainda:
• Relações com entidades maçónicas nacionais
• Relações com entidades maçónicas Internacionais
• Relações com o mundo profano (abertura)
• Relações Institucionais com os órgãos de soberania nacionais.
Queremos ser parceiros úteis! E é preciso fazer o que não foi feito!
Queremos reformar, modernizar, dar corpo a novas formais institucionais que nos tornem mais eficientes internamente e mais eficazes perante o mundo que nos rodeia.
Mas, não queremos romper com todo um património de tradições que são a nossa identidade. É deste equilíbrio virtuoso que devem nascer as nossas reformas. Façamolas com serenidade e ponderação, mas tendo presente que não podemos continuar a adiar mais esta reflexão. Conto com todos para este trabalho e procurarei mobilizar todos.
Esta é uma tarefa coletiva que compete ao Grão-mestre incentivar e liderar, porque naturalmente é a ele que compete estimular a procura dos caminhos do futuro que depois, mais tarde, em sede própria, encontrarão a sua forma legislativa.
Esta é para mim uma tarefa central e nela empenharei o melhor do meu esforço para mobilizar a Obediência para este desiderato.
Hoje é um dia importante para o Grande Oriente Lusitano e para a Maçonaria Portuguesa, porque é o dia em que se renova a Esperança, em que se assume a Responsabilidade de iniciar um novo ciclo, que é um momento de viragem, e de coragem, no sentido da conciliação de Tradição com modernidade.
Entramos agora, afinal, num novo ciclo de ousadia que, perante novos desafios, saberá encontrar novas soluções! Um novo ciclo de determinação que permita à Maçonaria voltar a ser um farol para a sociedade, pois queremos reconquistar o prestígio e a importância que a Maçonaria sempre teve e há-de continuar a ter, por mais exigentes que os tempos sejam!
Conto com todos, Meus Queridos e Respeitáveis Irmãos, para a defesa da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Conto com todos para este combate em nome de uma sociedade mais justa e fraterna!
Termino socorrendo-me novamente do brilhante e atualíssimo discurso de tomada de posse de José Estêvão Coelho de Magalhães e que pode ser adaptado às realidades contemporâneas:
“a maçonaria portuguesa pode prestar grandes serviços à humanidade e ao País, penetrando-se sem reserva do espírito da Ordem, e trilhando com desassombro a senda que a constituição e a história maçónica lhe marca. Una-se pelos laços da verdadeira fraternidade que consiste na paridade da crença, dos desígnios e dos meios. Chame a si os maçons a quem o mau estado da maçonaria, a pouca fortuna de alguns dos seus trabalhos, e a descrença na sinceridade maçónica possa ter apartado dos quadros. Abra as suas oficinas a neófitos que lhe tragam probidade, fervor, luz natural sobre as verdades morais e sociais, e corações que as sintam e as amem. Nas suas escolhas não confie com facilidade nem desconfie sem motivo. Seja prudente e desprevenida.
Desta forma, a maçonaria portuguesa terá no seu seio as excelências do país e assim constituída poderá prestar grandes serviços a toda a humanidade”.
Cada um de nós deve ser um exemplo!
Ser maçon não deve ser um estigma, mas um orgulho.
Temos que ter orgulho em sermos maçons!
Eu tenho orgulho em ser Maçon!
Viva a Maçonaria Portuguesa!
Viva a Maçonaria Universal!
Viva Portugal!
Fernando Cabecinha
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
Lisboa, 11 de Dezembro de 2021